terça-feira, 1 de novembro de 2011

Cobertura Colaborativa: Panorama audiovisual Região metropolitana de BH

por Larisssa Umbelino

O primeiro dia da SEDA Sabará contou com uma mesa de discussão, no formato painel, tendo como representantes a gestora pública Kelly Cardozo e os agentes da cultura, Marco Aurélio, integrante do Curta Minas e João Rafael, membro do Coletivo Fórceps e coordenador do cineclube (Cinebrasa). O tema da discussão foi focado no panorama audiovisual de Sabará e Região Metropolitana de BH. Após contextualizar a SEDA e os objetivos desse movimento para a transformação e movimentação do audiovisual, João passou a palavra para Marco que realizou um traçado político/cultural enriquecedor. Em primeiro lugar o Curta minas é um projeto que garante no Estado de MG a produção independente de curtas, muitas vezes taxados de “patinhos feios”, segundo Marco, no panorama do cinema. Promover os documentários ligados a produção independente que estão fora do circuito comercial é o objetivo principal. Marco levantou os pontos de dificuldade em catalogar e mapear os curtas, pois devido a produção intensa com o avanço da tecnologia, o dinamismo e rapidez acabam por “atropelar” as demandas. Outro fator é que há uma carência no que diz respeito a levar esses espaços para o interior, que também é uma demanda produtora. A ideia é levar cooperativas e núcleos que possam difundir e descentralizar o processo que se vincula, na maioria das vezes, à capital. Além disso, levar capacitação para o interior quando os editais foram lançados. Mas mesmo com todas as limitações já existe um catálogo, com produções de 1999 a 2009, em forma de película, ferramenta pouco utilizada hoje. 

João Rafael - Coletivo Fórceps


A partir dessas reflexões, Kelly estendeu o cenário da discussão para a esfera política. O ponto de partida, segundo ela para a movimentação cultural, sem dúvida é o diálogo entre comunidade civil e o poder público. E, em grande parte também da boa vontade e esforço de ambas. Os desafios são encontrar um denominador comum diante de tantas linguagens, desconstruir a cultura de massa, superar a limitação de recursos e ao mesmo tempo cobrá-los das instituições responsáveis. Ela pontuou o audiovisual como foco de atração dos jovens e por isso deve ser incentivado no cenário cultural da cidade, e completou com um elogio ao Coletivo Fórceps pelo trabalho de mobilização e por se tornar grande parceiro cultural. 

Retomando a fala, Marco Aurélio falou um pouco das entidades, que segundo ele estão em crise devido a manutenção de um discurso (não só falado mas também como forma de atuação) arcaico que a juventude hoje não reconhece diante de tanto dinamismo tecnológico. E o modo de cativar esta juventude é inovar e contextualizar. Surgiu então da sua fala a proposta de criação de uma plataforma independente para que o material audiovisual possa ser mapeado e catalogado de forma mais centralizada, pois, segundo ele, Youtube e Vimeo são ferramentas que permitem a dispersão e uma grande concorrência com um material desfocado do processo. 

Público do painel

A partir dessas colocações, João pontuou a importância do diálogo entre as redes e a união das plataformas, além da fundamental conexão das identidades (música, audiovisual e letras) de forma a fortalecer este diálogo. Parte daí a necessidade de uma nova política, através da ação de agentes culturais e políticos. Ele cita a importância desses debates como forma de transformação e mobilização social e que o objetivo das SEDAS é que a estes debates seja dada continuidade, para que as propostas e os próprios agentes possam transitar dentro da esfera do processo, conduzindo à construção e transformação. A Kelly fez a colocação de que diante deste processo a postura da rede de coletivos em preocupar-se com o local e o global é muito importante para as ações dos gestores públicos. E em Sabará, o projeto do CMC (Conselho Municipal de Cultura) já foi aprovado na câmara dos vereadores e só aguarda a institucionalização pelo Secretário de cultura da cidade. Marco Aurélio aproveitou o tema do CMC e refletiu sobre as burocracias estatais e a dependência da cultura ainda na figura do Estado. Neste tópico a mobilização social é muito importante nas discussões políticas. 

Com a proposta de dar continuidade as discussões, manter o diálogo e a integração, a mesa fechou a discussão deixando claro que as limitações não superam o otimismo de dinamizar e atualizar o cenário cultural, no panorama em foco que foi o audiovisual.

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